BAAL

Termo hebraico que significa "senhor". É o nome do deus mais importante e mais popular da Síria, Fenícia e Canaã. Este deus era considerado o senhor do céu e, conseqüentemente, o deus da chuva, da vegetação e da fertilidade em geral. Seu culto sempre atraiu os israelitas (1Rs 16,31-33; 18,20s), apesar de combatido pelos profetas (Jr 2,23; 11,13; Ez 6,4-6; Os 13,1-6). Baal é também o nome genérico das divindades de Canaã (cf. Jz 2,11 ).

BABILÔNIA

Ou "Babel", é a capital da Babilônia. Babel significa "porta de Deus". Mas a etimologia popular da narrativa da torre de Babel (cf. Gn 11,1-9 e nota) deturpou o sentido para "confusão". Para a Babilônia foram deportados os judeus ao ser destruída Jerusalém em 587 aC (2Rs 25). Na literatura apocalíptica, Babilônia￾Jerusalém se contrapõem como Anticristo-Cristo (Gn 11,2-9 e At 2,5-12). Babilônia é a cidade da técnica, Jerusalém da graça; Babilônia é a prostituta, Jerusalém, a esposa (Ap 17,1-5; 19,2; 21,2). Esta Babilônia, nome simbólico de qualquer nação hostil a Deus, está constantemente em luta com a Igreja (Ap 17,18; 1Pd 5,13).

BALAÃO

Profeta pagão, muito famoso na Transjordânia (cf. Nm 22,5 ), contratado pelo rei de Moab para amaldiçoar os israelitas, prestes a conquistar Canaã (Nm 22-24). A narrativa popular mostra como Deus se serviu de uma mula para levar Balaão a abençoar Israel.

BARNABÉ

Apelido, que significa "filho da consolação" (At 4,36), dado a José, um levita de Chipre, convertido ao cristianismo. Era um modelo de generosidade e vivia em Jerusalém. Foi ele quem acolheu Saulo, recém-convertido, e serviu de intermediário entre Saulo e os apóstolos (9,27). Foi companheiro de apostolado de Paulo até o concílio dos apóstolos (11,22-30; 13-14; 15,2-30; Gl 2,1.9). A partir da segunda viagem separou-se de Paulo (At 15,36-39), com quem voltou a colaborar mais tarde (1Cor 9,6).

BARTOLOMEU

Nome de um dos doze apóstolos (Mt 10,3; At 1,13). Provavelmente deve ser identificado com Natanael (Jo 1,45).

BATISMO

Banhos sacros de purificação de impurezas morais ou rituais, ou para conceder forças vitais, eram conhecidos por vários povos antigos. Na religião israelita a imersão na água era usada para a purificação da lepra curada (Lv 14,8), para tirar a impureza sexual (15,16-18) ou resultante do contato com um cadáver (Nm 19,19). Tal rito purificatório, aplicado aos prosélitos, tornou-se uma espécie de rito de iniciação do judaísmo, quase tão importante como a circuncisão. Semelhante ao batismo dos prosélitos é o batismo administrado por João Batista. Mas sua característica é o forte apelo à conversão moral, que prepara a vinda do Reino de Deus (Mc 1,4). João Batista batiza apenas em água, sem o espírito. Por isso seu batismo é imperfeito (Mt 3,11; At 1,4s), o mesmo acontecendo com o batismo que os Doze administravam, antes do dom do Espírito (Jo 4,1-2; 7,37-39). O batismo cristão é considerado superior ao de João porque não é feito apenas com água, mas com o Espírito Santo (Mt 3,11; Jo 1,33; At 1,5; 11,16). A associação água-espírito já aparece nos profetas (Ez 36,25-26; Jl 3,1-2; Is 32,15-18; 55,1-10), e se verifica no Batismo de Jesus, que constitui a sua investidura messiânica (Mt 3,13-16; Jo 1,29-34). Batismo e fé: Para salvar-se é preciso ter fé (Jo 3,36; Rm 10,9-11; Mc 16,16) e ser batizado (Rm 6,3-7; Tt 3,4-5; Jo 3,5; 4,2-30). Por isso se batizavam até os mortos (1Cor 15,29). Daqui o trinômio: Pregação, Fé, Batismo (Hb 6,1-2; 10,22; Mt 28,19). Batismo e Igreja: o batismo incorpora à Igreja (1Cor 12,12-13; 10,1-2); é o sacramento das bodas de Cristo com a Igreja (Ef 5,25-27); é um revestimento de Cristo (Gl 3,27); é um sepultar-se com ele (Rm 6,1-11; Cl 2,11-13); perdoa os pecados, concede o dom do Espírito e a participação na Ressurreição de Cristo (At 2,38; Cl 2,2; Rm 6,3-11; 1Pd 3,21). Ver "Ablução", "Penitência".

BEM-AVENTURANÇAS

As bem-aventuranças são um tema da literatura sapiencial. São a ciência da felicidade. Bem-aventuranças aplicadas à felicidade humana (Sl 127; 128; Eclo 25,8-11; 26,1-4). Israel é feliz por ter a Deus como o rei (Sl 33,12-17; 144,15; Br 4,4; Dt 33,29). O rei era considerado fonte de felicidade para os seus vassalos (1Rs 10,8). A observância da Lei torna o homem feliz (Sl 1; 119,1-2; 106,3; Is 56,2; Pr 29,18). O mesmo sucede com a meditação da sabedoria (Pr 3,13; 8,32-33; Eclo 14,2); ou com o temor de Deus (Sl 119,1-2; 128,1; Eclo 25,8-11); ou com a confiança nele (Sl 2,12; 34,9; 84,13; Pr 16,20). Partindo da experiência de que nem o justo é, às vezes, feliz neste mundo, os profetas proclamam a bem-aventurança dos que virem os últimos tempos (Dn 12,12; Is 32,20; Eclo 48,11; Tb 13,14-16; Ml 3,12-15). No NT, muitas bem-aventuranças declaram que a felicidade está à porta, pois chegaram os últimos tempos (Mt 13,16; Lc 1,45; 11,27-28; Jo 20,29). Neste sentido Jesus proclamou as bem-aventuranças: O Reino traz a felicidade aos cegos, aos que choram, etc. Lc 6,20-26 deu-lhes uma feição social (cf. Lc 4,18-19; 14,13s; 1Pd 3,14; 4,14) e Mateus, uma dimensão moral, a justificação (Mt 5,3-11). As bem-aventuranças do Apocalipse conservam a sua característica escatológica (Ap14,13; 16,15; 19,9; 20,6; 22,7.14).

BELZEBU

Significa "senhor do esterco", isto é, dos sacrifícios oferecidos aos ídolos. É o nome do deus cananeu, chamado no AT Baal-Zebub ("senhor das moscas"), divindade da cidade filistéia de Acaron. No NT "Belzebu"era o nome que os fariseus davam ao príncipe dos demônios (Mc 3,22; Mt 12,24s).

BÊNÇÃO

Pode ser entendida como louvor do homem que bendiz a Deus por suas obras ou benefícios recebidos. Tal tipo de bênção (bendição) é freqüente nos Salmos. Bênção é também a ação de Deus em relação ao homem, enquanto objeto de seus benefícios, como a vida, a fecundidade, a paz e o bem-estar em geral (cf. Sl 131;134). Na Bíblia a bênção pode ser pronunciada pelo homem. Assim, os sacerdotes abençoam diariamente os israelitas (cf. Nm 6,23-27 e nota); os patriarcas abençoam os filhos antes de morrer (Gn 9,26s; 27,27-29; 49; Dt 33). O homem pode ser também intermediário da bênção divina, como Abraão, escolhido para nele ser abençoada toda a humanidade (Gn 12,1-3). No Antigo Oriente as fórmulas de bênção ou de maldição eram consideradas eficazes, no sentido de que realizavam o que diziam, sobretudo quando escritas (cf. Nm 5,23). Por isso, os códigos de leis e tratados de aliança eram concluídos com fórmulas de bênção e maldição (cf. Lv 26; Dt 28 e notas). Sua finalidade era impedir o desprezo das leis ou a violação dos tratados e promover a fiel observância dos mesmos. A vontade de Deus é que a bênção tome o lugar da maldição (Ez 34,24-30; Zc 8,13; Is 44,3; 53,1-12). Isto se deu em Jesus: fazendo-se por nós maldito, cobriu-nos de bênçãos divinas (Gl 3,10-11; 1Pd 2,22-24; cf. Rm 8,3; 2Cor 5,21).

BERSABÉIA

O nome hebraico significa "poço dos sete"ou "poço do juramento". É uma antiga cidade cananéia do sul da Palestina, onde se prestava culto ao Deus Eterno (Am 5,5; 8,14). O santuário foi venerado por Abraão (Gn 21,21-23), Isaac (26,23-33) e Jacó (46,1-4). Ali os filhos de Samuel foram juízes (1Sm 8,2). Bersabéia marca o extremo sul do limite de Israel (2Sm 3,10).

BETÂNIA

Subúrbio de Jerusalém, vizinho de Betfagé, na estrada romana que na encosta do monte das Oliveiras descia pelo deserto até Jericó. No vilarejo, existente até hoje ("túmulo de Lázaro"), moravam Lázaro, Marta e Maria (Lc 10,38; Jo 11,1) e Simão o Leproso (Mt 26,6); lá passou Jesus na entrada em Jerusalém (Mt 21,17; Jo 12,1-8) e na Ascensão (Lc 24,50). Uma outra Betânia, lugar de atividade de João Batista, ficava na margem oriental do Jordão (Jo 1,28); sua localização é discutida: ou no sul do vale do rio Jordão, na altura de Jericó, ou no norte, na altura de Betsã.

BETEL

Em hebraico "casa de Deus". Nome de um antigo santuário cananeu, antes chamado Luza. Tornou-se famoso, pois ali Abraão prestou culto a Deus (Gn 12,8; 13,3s) e Jacó teve a visão da escada que unia a terra ao céu (Gn 28,10-22; 31,13; 35,1-16). O rei Jeroboão I, após a divisão do reino de Salomão, mandou colocar em Betel a estátua de um bezerro de ouro (1Rs 12,26-30). Por isso os profetas passaram a chamar o lugar de Bet-Áven, "casa da iniqüidade"ou da nulidade, isto é, dos ídolos (cf. Os 4,15).

BÍBLIA

Nome dado ao conjunto dos livros inspirados do AT e do NT, originariamente escritos em hebraico, aramaico e grego. O termo vem do grego tá Biblia, "os livros". Estes livros são o patrimônio espiritual do judaísmo e das igrejas cristãs. A Bíblia foi escrita ao longo de mil anos, mas sua inspiração é atestada só pelo final do I século, em 2Tm 3,16s e 2Pd 1,21. Mas bem cedo se recomendava sua leitura (Ex 24,7; Dt 17,19; Js 1,8; Is 34,16; Jo 5,39; At 8,28; Rm 15,4; 2Cor 1,13; Ef 3,3s). Sendo um livro inspirado, deve ser lido com piedade e humildade (Eclo 32,15; Mt 11,15; 13,11; 1Cor 2,12-14; 2Tm 3,7.16). Sendo um livro antigo, escrito por um povo de cultura diferente da nossa, que trata dos planos de Deus a respeito dos homens, a Bíblia carece de interpretação (Sb 9,16-18; Mt 13,11; Mc 4,34; Lc 24,45; At 8,30s; 1Cor 12,30; 2Pd 1,20; 3,15s. Sendo um livro assumido pela Igreja como fonte de revelação, necessita também de sua interpretação oficial (Ml 2,7; Mt 16,18; 28,19s; Lc 10,16; Jo 14,16.26; 16,13; 20,22s; Ef 2,20; 1Tm 3,13). Ver "Revelação"e "Como ler a Bíblia com proveito", Introdução Geral desta Bíblia.

BISPO

As Igrejas judeu-cristãs parece que eram governadas por um colégio de presbíteros ou anciãos, ao estilo das sinagogas (At 11,29-30; 14,23; 15,2.4.6.22s; 20,17; 1Pd 5,1-4; Tg 5,14). Tiago, em Jerusalém, aparece como o presbítero dum colégio de presbíteros ou anciãos (At 12,17; 15,13; 21,18; Gl 1,18-19; 2,9.12). Nas Igrejas de origem pagã, fundadas por Paulo, aparecem os episcopoi, "epíscopos"ou "bispos", palavra que significa "vigilantes", "inspetores" (At 20,28; comparar 1Tm 3,2 e Tt 1,7 com 1Tm 5,17 e Tt 1,5.7). Paulo ordenou alguns dos seus discípulos como "inspetores apostólicos" (2Tm 1,6; Tt 1,5; 1Tm 4,14; 2Cor8,15-24). Existia a hierarquia constituída pela imposição das mãos (1Tm 4,14; 2Tm 1,6-7) e a "pneumática", sujeita aos apóstolos (1Cor 12,4-11.28-29; 14,26-40). Portanto, no séc. I, sob a dependência dos apóstolos, as Igrejas tiveram diversas formas de governo. No séc. II, como no-lo testemunham os documentos da Tradição, aparece o episcopado monárquico. A doutrina católica sobre o episcopado foi recentemente exposta pelo Concílio Vaticano II (LG, n. 18-19). Ver as notas de At 20,28 e 1Tm 3,2.

BITÍNIA

Região no noroeste da Ásia Menor, no litoral do mar Negro. Com o Ponto formava uma província romana. Durante a segunda viagem missionária Paulo e Timóteo pretendiam visitar esta região, mas foram impedidos pelo Espírito (At 16,6-10).

BLASFÊMIA

É o ultraje dirigido a Deus, a própria pretensão de ocupar o seu lugar, ou de falar em seu nome sem autorização (Dt 18,20-22). Na Bíblia, é condenada a blasfêmia e o blasfemador considerado digno de morte (Ex 20,7; Lv 24,13.22; Mt 27,39-44; Ap 13,6; 16,11). Pessoas justas foram acusadas de blasfêmia para serem condenadas à morte: Nabot, proprietário de um sítio cobiçado pelo rei Acab (1Rs 21,1-16); Jesus Cristo (Mc 14,60-64); Estêvão, o primeiro mártir cristão (At 7,54-60).

BOAS OBRAS

Exortação para praticá-las: Pr 21,3; Mq 6,8; Mt 3,10; 5,16; 7,17.21; Tg 2,14-22. Prêmio prometido: Pr 11,18; Eclo 35,13; Is 3,10; Mt 6,6; 16,27; 20,8; 25,14-26; Rm 2,6s; 1Cor 3,8; 15,28; 2Cor 9,6; Ap 22,12. São os "frutos do Espírito Santo" (Jo15,1-6; Gl 5,5-25; Rm 6,20-23; Mt 7,16-20), esperados por Cristo (Mc 11,12-25; Mt 21,18-19; Lc 13,6-9). Ver "Justiça".

BODE EXPIATÓRIO

É o macho caprino que no Dia da Expiação levava simbolicamente os pecados do povo para o deserto (Lv 16,7-20), onde segundo a crença popular morava o espírito mau de Azazel (cf. Lv 11,8 e nota: Mt 12,43). Ao lado da idéia da necessidade de sacrifícios para expiar pecados aparece outra, na qual se dispensa o derramamento de sangue para perdoar pecados (Ex 34,6-7; Ez 18,21-23; Mt 6,12-14s; Hb 7,26-27; 1Jo 1,9; Ap 21,22. Ver "Expiação" e "Sacrifícios".


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